Passando a Base Para as Novas Gerações

– Pai, tá muito tarde? Dá tempo de jogar um jogo?

– Depende, o que você queria jogar?

– Ah, só um carteado…

– Ah… Eu queria jogar com as regras avançadas…

– Mãe, deixa que eu ensino como joga!

Essas são frases muito comuns na minha casa, e falo isso com muito orgulho e felicidade. O board game é um hobby da nossa família. Mais do que uma distração, mais do que uma simples diversão: são momentos de importante interação familiar. Uma opção analógica em meio a um mundo cada vez mais digital.

O uso de jogos como auxiliares no aprendizado não é algo novo para a pedagogia e tem se tornado cada vez mais comum. A nova geração de jogos de tabuleiro, chamados “jogos modernos”, tem contribuído para esse fenômeno. A quantidade e qualidade de jogos voltados para os pequenos são impressionantes.

E não me refiro apenas aos jogos lúdicos, que são criados com o intuito específico de ensinar. Nosso board game do dia a dia também tem muito a contribuir para o desenvolvimento das crianças!

Os jogos de tabuleiro normalmente são jogados por pelo menos duas pessoas (excluindo, obviamente, as opções solo), o que estimula habilidades de interação social, conversação, negociação e barganha. Além disso, aprender as regras e a dinâmica do jogo exige concentração e foco. Ter que esperar a sua vez para jogar trabalha o controle da ansiedade.

O ato de jogar em si exige e estimula o raciocínio lógico, a capacidade de planejamento, a adaptabilidade, a identificação e resolução de problemas, a interpretação de texto e a realização de cálculos. Jogos cooperativos ensinam a trabalhar em equipe e a ser mais flexível, pois às vezes é necessário abrir mão de uma vantagem individual para possibilitar a vitória do grupo. Já os jogos competitivos estimulam o foco, a disciplina, o controle emocional e, muito importante, o trabalho com a frustração, algo tão difícil de lidar.

Não sou especialista na área; falo apenas por experiência própria. São todas coisas que observei dentro da minha casa. Vejo minha filha se esforçando para aprender a ler porque quer jogar “sem ajuda”. Vi ela parar de ter crises de choro e raiva por perder em um jogo e passar a tirar “foto com o pato” sorrindo e, da sua maneira, analisar o que pode fazer diferente na próxima partida.

Vejo, com muito orgulho, ela chamar os amiguinhos para conhecer os jogos que mais gosta, sendo ela quem se responsabiliza por ensinar as regras e, em suas palavras, “fazer um por exemplo”. E com muita alegria, vejo minha princesa de 6 anos nos chamando para jogar Catan, Azul, Nova Luna, Trio, Lhama, Velonimo, Mlem, Dixit, Ticket to Ride, Ubongo, Mice and Mystics, Happy Salmon, TACO! GATO! CABRA! QUEIJO! PIZZA!, Alien Virus, Divicity e ansiosa para aprender os jogos “mais avançados”.

Texto: brunogodwolf

Revisão: solidthales